domingo, 3 de janeiro de 2010

O descrédito da formação


A forma como está a decorrer esta reabertura do mercado mostra que a formação do jogador português é cada vez mais menosprezada pelos nossos clubes. O tema não é novo, mas vale sempre a pena chamar a atenção para ele: na altura de reforçar os plantéis, os clubes, nomeadamente os que têm mais capacidades financeiras, preferem sempre olhar para o estrangeiro.

Na maior parte dos casos, são contratados jovens jogadores, brasileiros, argentinos, uruguaios ou de qualquer outra nacionalidade, que nada têm a mais relativamente aos jovens portugueses que terminam a formação como juniores e iniciam a primeira e difícil época como seniores. Nada têm a mais, entenda-se, do ponto de vista desportivo. É que, de resto, há muitas diferenças: os talentos que vêm do estrangeiro originam, muitas vezes, complicadas operações financeiras, são exageradamente valorizados e apontados como jogadores extraordinários, dos quais tudo se espera. Sobre os jovens portugueses, recai toda a desconfiança: saídos dos juniores, não protagonizam grandes negócios do ponto de vista financeiro nem são olhados como salvadores.

Estão condenados a treinar, à espera de uma oportunidade que demora imenso a surgir. Portanto, com poucas exceções, os clubes portugueses trabalham na formação sem perspetivas de futuro. Algo está mal, aqui. Não faz sentido investir e depois não tirar partido. E sempre que o mercado abre, este problema é latente. É uma questão de mentalidade. Mas, provavelmente, não só.

Autor: JOAQUIM SEMEANO
Data: Sábado, 2 Janeiro de 2010 - 23:59, In Jornal Record Online

Sem comentários:

Powered By Blogger

Premier League Fantasy