No mesmo dia em que o Presidente da República afirmava que o país tem problemas económicos gravíssimos e podemos caminhar para uma "situação explosiva", a imprensa noticiava que Portugal foi o país da Europa onde se gastou mais dinheiro no chamado "mercado de inverno" futebolístico. Somos pobres, estamos endividados, mas fazemos vida de ricos.
Não temos juízo.
Dos grandes, o FC Porto foi o único a ter uma posição coerente, com Pinto da Costa a dizer que planeou a época com estes jogadores - e que só em circunstâncias extraordinárias faria aquisições. Esta é a posição correta: o "mercado de inverno" deve ser um recurso, não deve tornar-se um hábito. Vamos ver se o presidente portista leva a posição até ao fim.
O Sporting perdeu o tino com os maus resultados do início da época - e a política de contenção financeira implementada pedra a pedra nos últimos anos, servindo de exemplo no futebol português, foi rapidamente posta de lado. Como são frágeis os "projetos" em Portugal!
O caso do Benfica é diferente. Fez um magnífico início de temporada, mas ainda não está satisfeito. Quer mais. Jorge Jesus é um ótimo treinador, fez o milagre de devolver a esperança ao Benfica, mas tem o defeito de ser um homem insaciável. O plantel que o clube tinha era mais do que suficiente.
Até porque a ideia de que a contratação de novos jogadores fortalece sempre a equipa é discutível. Recordo que a melhor época de Mourinho no Chelsea foi a primeira. Depois da chegada de estrelas como Shevchenko, Ballack, etc., a equipa não só não melhorou como piorou.
E há muitos outros exemplos, como o Real Madrid galáctico.
Autor: JOSÉ ANTÓNIO SARAIVA
Data: Quarta-Feira, 6 Janeiro de 2010 - 18:02, In Jornal Record Online
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